Guenther
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Bom, motivado pela seguinte pergunta um tópico, resolvi criar um post-fixo porque já tive que responder isso muitas vezes.
Bom, antes de entrar na parte do Batch Sparge e Fly Sparge, vou responder o restante da pergunta do @LisboaPrates.
- Meu sistema é um BIAB elétrico com cesto em inox (sei que BIAB não inclui lavar...)
BIAB - Brew In A Bag - Fazer cerveja em um saco. Bom, o que esse nome não diz também é o conceito por trás disso. O conceito de BIAB é fazer cerveja com qualidade igual às melhores e mais clássicas técnicas, porém, com o menor esforço, menor equipamento, e da forma mais rápida possível. Em troca disso (pois sempre quando GANHAMOS algo, precisamos DAR outra coisa em troca) arcamos com uma eficiência menor, e logo, gastamos um pouco mais de dinheiro em malte.
Bom, ocorre que existem variações/deturpações da técnica, o que não tem problema algum porque não precisamos seguir regras. O problema que vejo com isso é que as pessoas mudam o processo, e continuam chamando a coisa de BIAB, e isso sim, na minha visão, é errado. O que eu vejo muitas vezes são cervejeiros querendo fazer BIAB, mas com o espírito do "GANHA e GANHA", ou seja, quer ganhar na hora de aproveitar as vantagens do BIAB, mas querem GANHAR NOVAMENTE também na hora da eficiência, e em resumo, não querem dar nada em troca...... e com isso inventam formas mirabolantes de lavar os grãos dentro do saco.......... achando que ganharam em tudo...... mas não se dão conta que estão adicionando TRABALHO e TEMPO ao processo, muitas vezes de tal forma, que o processo BIAB perde o sentido já que estão tendo o mesmo trabalho que se tivessem um equipamento normal de 2 ou 3 panelas, e no fim fica somente a vantagem de ter só 1 panela em vez de 2 ou 3.
Bom, agora que temos claro o conceito de BIAB, respondendo ao @LisboaPrates, na verdade, não, teu sistema não é BIAB. BIAB é com BAG, e normalmente super fina, justamente pra não demandar recirculação. Você está utilizando um cesto com furos maiores. Furos maiores fazem com que pequenas partículas passem pelo filtro e fazem a gente ser obrigado a recircular.
Logo, esse CESTO nada mais é do que um fundo falso com uma tela na volta dele.
Ou seja, esse sistema é um SINGLE VESSEL (a exemplo de BrauMeister e seus 800 mil clones no Brasil).
Sistemas Single Vessel, sim, TEM QUE recircular, pelos motivos que citei acima, ou seja, o "filtro" tem furos grandes.
Para ficar claro, o ÚNICO sistema em que não precisa recircular, é com BAG de granularidade BEM fina, como tecido VOIL. Qualquer outro sistema, precisa recircular. Se precisa recircular............ é como se estivesse utilizando um fundo-falso, bazooka, etc.
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FLY / CONTINUOUS SPARGE - Lavagem Contínua
- Idealmente você NÃO mexe nos grãos (a menos que seja obrigatório por motivos de entupimento, caso clássico das cervejarias)
- Você drena mosto lentamente para a panela de fervura
- Você adiciona água por cima da cama na mesma vazão, fazendo com que o nível de líquido não baixe e se mantenha sempre alguns CM acima da cama de grãos.
- Não se controla quanto de água se adiciona, e sim a quantidade de mosto (ou densidade) do mosto que sai, ou a densidade do mosto como um todo na panela de fervura.
BATCH SPARGE - Lavagem por Batelada (técnica que entrou em evidência com o homebrewer Danny Conn, dos EUA)
- Você remove todo o mosto rapidamente (alguns recomendam não esgotar completamente e deixar alguns cm de mosto na panela, apesar de não ser algo obrigatório)
- Adiciona água
- MEXE todo o malte (para misturar grãos pouco "lavados" com grãos menos lavados, ou que possuam mais açúcar grudado.
- Recircula
- Extrai novamente o mosto e vai repetido isso até atingir o volume total de mosto que precisa na panela de fervura, ou a densidade, etc.
Comparação
Em ambas você precisa recircular antes de começar a filtrar/lavar.
Feito isso....
- No Fly Sparge, você começa a drenar, acerta a vazão que a água entra, e................ pronto! Não tem mais trabalho nenhum até o final da lavagem.
- No Batch Sparge, você drena, adiciona água, mistura, e RECIRCULA novamente (pois você detonou sua cama degrãos ao mexer o malte), e começa tudo novamente. Resumindo, bem mais trabalho....... mas permite o uso de uma Bazooka.
Mas por que diabos isso é interessante? Porque antigamente, nos EUA, conseguir um fundo-falso apropriado era um imenso problema........ então utilizavam bazooka, que dava pra fazer em casa (qualquer um faz com poucas ferramentas) e podia adaptar numa caixa térmica.
Aí o que esses caras faziam? Tentavam fazer o mesmo que as CERVEJARIAS, e cervejarias, TODAS, usam Fly Sparge. Só que ao fazer isso com bazooka, tinham baixo rendimento..... entupimento, etc... aí criaram outras técnicas pra corrigir a deficiência do filtro.
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Porque Batch Sparge é uma técnica que não tem sentido com Fundo Falso?
Porque a melhor técnica que existe, em todos os sentidos, seja por praticidade, pouca oxigenação de mosto, eficiência, repetibilidade, flexibilidade para implementar RIMS, HERMS, etc, é a Lavagem Contínua, ou Fly-Sparge, só que.... lavagem contínua só realmente é indicada para filtros que promovam uma lavagem homogênea dos grãos, e isso só ocorre com fundo falso.
No How to Brew, do Palmer, tem um apêndice que fala só disso. Vejam a imagem abaixo:
Ou seja, no caso A, com FUNDO FALSO, a Lavagem Contínua é perfeita.... o grão é todo lavado de forma perfeita.
Já nos casos B e C, com filtros de canos ou Bazooka, durante uma LAVAGEM CONTINUA, parte dos grãos (os mais escuros) não seriam lavados adequadamente, e a outra parte, mais clara, seria lavada demais.
Para ESSES casos (e casos de entupimento total) que a técnica de Batch Sparge foi criada. No caso C, no Batch Sparge, você drena o mosto todo, depois adiciona água na panela, e............. MISTURA TODO OS GRÃOS. Isso faz com que a parte ESCURA (grãos mal lavados, com açúcar) vá para o meio, e a parte clara (bem lavada) vá para os cantos, e tudo fique misturado.
Ou seja, você corrige a ineficiência de sugar o mosto com ponto único, que claramente gera o problema mostrado na figura C, pois os fluídos sempre tendem a seguir o caminho mais fácil.
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RESUMO
Pra quem tem um sistema com fundo falso, e faz Batch Sparge, está tendo mais trabalho, menos repetibilidade, e em vários casos, menos eficiência. Resumindo, não tem motivo técnico para tal.
Agora, por gosto pessoal, ok.
Abração,
Boa noite, por que não faz sentido batch Sparge com fundo falso? Tenho feito... Meu sistema é um BIAB elétrico com cesto em inox (sei que BIAB não inclui lavar...) normalmente dreno o mosto e acrescento mais água que recircula por um tempo, depois ergo o cesto e retorno com o primeiro mosto... melhorou a eficiência e não gasta tanto tempo a mais...
Bom, antes de entrar na parte do Batch Sparge e Fly Sparge, vou responder o restante da pergunta do @LisboaPrates.
- Meu sistema é um BIAB elétrico com cesto em inox (sei que BIAB não inclui lavar...)
BIAB - Brew In A Bag - Fazer cerveja em um saco. Bom, o que esse nome não diz também é o conceito por trás disso. O conceito de BIAB é fazer cerveja com qualidade igual às melhores e mais clássicas técnicas, porém, com o menor esforço, menor equipamento, e da forma mais rápida possível. Em troca disso (pois sempre quando GANHAMOS algo, precisamos DAR outra coisa em troca) arcamos com uma eficiência menor, e logo, gastamos um pouco mais de dinheiro em malte.
Bom, ocorre que existem variações/deturpações da técnica, o que não tem problema algum porque não precisamos seguir regras. O problema que vejo com isso é que as pessoas mudam o processo, e continuam chamando a coisa de BIAB, e isso sim, na minha visão, é errado. O que eu vejo muitas vezes são cervejeiros querendo fazer BIAB, mas com o espírito do "GANHA e GANHA", ou seja, quer ganhar na hora de aproveitar as vantagens do BIAB, mas querem GANHAR NOVAMENTE também na hora da eficiência, e em resumo, não querem dar nada em troca...... e com isso inventam formas mirabolantes de lavar os grãos dentro do saco.......... achando que ganharam em tudo...... mas não se dão conta que estão adicionando TRABALHO e TEMPO ao processo, muitas vezes de tal forma, que o processo BIAB perde o sentido já que estão tendo o mesmo trabalho que se tivessem um equipamento normal de 2 ou 3 panelas, e no fim fica somente a vantagem de ter só 1 panela em vez de 2 ou 3.
Bom, agora que temos claro o conceito de BIAB, respondendo ao @LisboaPrates, na verdade, não, teu sistema não é BIAB. BIAB é com BAG, e normalmente super fina, justamente pra não demandar recirculação. Você está utilizando um cesto com furos maiores. Furos maiores fazem com que pequenas partículas passem pelo filtro e fazem a gente ser obrigado a recircular.
Logo, esse CESTO nada mais é do que um fundo falso com uma tela na volta dele.
Ou seja, esse sistema é um SINGLE VESSEL (a exemplo de BrauMeister e seus 800 mil clones no Brasil).
Sistemas Single Vessel, sim, TEM QUE recircular, pelos motivos que citei acima, ou seja, o "filtro" tem furos grandes.
Para ficar claro, o ÚNICO sistema em que não precisa recircular, é com BAG de granularidade BEM fina, como tecido VOIL. Qualquer outro sistema, precisa recircular. Se precisa recircular............ é como se estivesse utilizando um fundo-falso, bazooka, etc.
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FLY / CONTINUOUS SPARGE - Lavagem Contínua
- Idealmente você NÃO mexe nos grãos (a menos que seja obrigatório por motivos de entupimento, caso clássico das cervejarias)
- Você drena mosto lentamente para a panela de fervura
- Você adiciona água por cima da cama na mesma vazão, fazendo com que o nível de líquido não baixe e se mantenha sempre alguns CM acima da cama de grãos.
- Não se controla quanto de água se adiciona, e sim a quantidade de mosto (ou densidade) do mosto que sai, ou a densidade do mosto como um todo na panela de fervura.
BATCH SPARGE - Lavagem por Batelada (técnica que entrou em evidência com o homebrewer Danny Conn, dos EUA)
- Você remove todo o mosto rapidamente (alguns recomendam não esgotar completamente e deixar alguns cm de mosto na panela, apesar de não ser algo obrigatório)
- Adiciona água
- MEXE todo o malte (para misturar grãos pouco "lavados" com grãos menos lavados, ou que possuam mais açúcar grudado.
- Recircula
- Extrai novamente o mosto e vai repetido isso até atingir o volume total de mosto que precisa na panela de fervura, ou a densidade, etc.
Comparação
Em ambas você precisa recircular antes de começar a filtrar/lavar.
Feito isso....
- No Fly Sparge, você começa a drenar, acerta a vazão que a água entra, e................ pronto! Não tem mais trabalho nenhum até o final da lavagem.
- No Batch Sparge, você drena, adiciona água, mistura, e RECIRCULA novamente (pois você detonou sua cama degrãos ao mexer o malte), e começa tudo novamente. Resumindo, bem mais trabalho....... mas permite o uso de uma Bazooka.
Mas por que diabos isso é interessante? Porque antigamente, nos EUA, conseguir um fundo-falso apropriado era um imenso problema........ então utilizavam bazooka, que dava pra fazer em casa (qualquer um faz com poucas ferramentas) e podia adaptar numa caixa térmica.
Aí o que esses caras faziam? Tentavam fazer o mesmo que as CERVEJARIAS, e cervejarias, TODAS, usam Fly Sparge. Só que ao fazer isso com bazooka, tinham baixo rendimento..... entupimento, etc... aí criaram outras técnicas pra corrigir a deficiência do filtro.
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Porque Batch Sparge é uma técnica que não tem sentido com Fundo Falso?
Porque a melhor técnica que existe, em todos os sentidos, seja por praticidade, pouca oxigenação de mosto, eficiência, repetibilidade, flexibilidade para implementar RIMS, HERMS, etc, é a Lavagem Contínua, ou Fly-Sparge, só que.... lavagem contínua só realmente é indicada para filtros que promovam uma lavagem homogênea dos grãos, e isso só ocorre com fundo falso.
No How to Brew, do Palmer, tem um apêndice que fala só disso. Vejam a imagem abaixo:
Ou seja, no caso A, com FUNDO FALSO, a Lavagem Contínua é perfeita.... o grão é todo lavado de forma perfeita.
Já nos casos B e C, com filtros de canos ou Bazooka, durante uma LAVAGEM CONTINUA, parte dos grãos (os mais escuros) não seriam lavados adequadamente, e a outra parte, mais clara, seria lavada demais.
Para ESSES casos (e casos de entupimento total) que a técnica de Batch Sparge foi criada. No caso C, no Batch Sparge, você drena o mosto todo, depois adiciona água na panela, e............. MISTURA TODO OS GRÃOS. Isso faz com que a parte ESCURA (grãos mal lavados, com açúcar) vá para o meio, e a parte clara (bem lavada) vá para os cantos, e tudo fique misturado.
Ou seja, você corrige a ineficiência de sugar o mosto com ponto único, que claramente gera o problema mostrado na figura C, pois os fluídos sempre tendem a seguir o caminho mais fácil.
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RESUMO
Pra quem tem um sistema com fundo falso, e faz Batch Sparge, está tendo mais trabalho, menos repetibilidade, e em vários casos, menos eficiência. Resumindo, não tem motivo técnico para tal.
Agora, por gosto pessoal, ok.
Abração,