almeida_gj
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Fala galera!
Vou mostrar aqui meu HERMS 50L montado totalmente DYI, orgulho, e que orgulho, do papai aqui. Faço questão de mostrar pois foi um projeto longo pra planejar e montar, mas que dá um tesão do caralho porque te obriga a pensar na engenharia voltada pro processo, montando um desse se aprende ainda mais sobre fazer cerveja. O bom também de montar um sistema próprio é que os erros aparecem logo na montagem, durante as primeiras brassagens, e você conhece cada parafuso, o que facilita manutenções e correções. Tentarei ser didático. Usarei termos em inglês para as panelas, não porque eu curta ianques, mas porque facilita.
CONCEITO
Sistema horizontal de aquecimento indireto (HERMS). Não há contato de calor diretamente com o mosto. OBJETIVO: maior precisão no controle de temperatura, consistência entre levas, automação, facilidade (há muito debate sobre estes pontos, por favor quem tenha experiência com HERMS contribua).
EQUIPAMENTOS BÁSICOS
- HLT - Hot Liquor Tank - panela 68L para água com resistência de 3000W acionada por TIC-17 RGTi
- MT - Mash Tun - panela 68L mosturação com fundo falso
- BK - Boil Kettle - panela 68L para fervura aquecida com fogareiro Jackwall GB13
- UA - Unidade de Aquecimento - panela 10L com serpentina de 8m +- de alumínio, resistência de 2000W acionada por controlador Metaltex 2438-201
- UR - Unidade de Resfriamento - caixa térmica de 30L com serpentina de alumínio de 8m +-, para resfriamento
- chiller de imersão de alumínio de uns 20m
- duas bombas Chugger
- mangueiras de silicone onde passa mosto quente
- mangueira atóxica trançada onde passa água cervejeira e água de resfriamento
- TODAS as conexões de INOX 304
- TODO o sistema em 1/2" (sem redução/ampliação)
- as panelas (exceção à de fervura) são isoladas com isolante Armacell de 19mm de espessura (fabricado pela Armaflex). Aguenta até 120C, segundo o fabricante.
- painel elétrico feito por mim (estude bem antes de fazer o seu! - peça ajuda a um eletricista! - eletricidade não é brincadeira), tudo em 220V (total de 5000W - o que dá 23A, razoavelmente tranquilo de trabalhar, não precisei de maiores instalações na minha casa)
COMO FUNCIONA
a) encho a HLT com água filtrada (filtro carvão ativado). Aqueço até uns 3C acima da temperatura de mosturação
b) passo essa água para o MT e faço mash in (infusão do malte na água)
c) O mosto circula 100% do tempo durante a mosturação. Sai da panela MT, passa pela bomba 01, entra na serpentina dentro da UA e volta para a panela. Nesta volta há um sensor de temperatura (termopar) PT-100, que lê a temperatura do mosto e aciona a resistência de 2kW que está na UA. Desta forma a intenção é: bomba ligada 100% de resistência ligando/desligando para manter a temperatura de mosturação estável
d) durante a mosturação encho o HLT novamente e já vou esquentando a água para lavagem
d) quando termina a mosturação, a cama de grãos está formada e estabilizada. Começo a recolher mosto para fervura (via bomba 02), enquanto que a bomba 01 despeja água de lavagem no MT
e) tudo pra fervura, daqui pra frente é meio que padrão: 10min antes do final da fervura circulo mosto fervendo pela bomba e ponho o chiller dentro da panela, ambos para esterilizar.
f) terminada a fervura ligo a bomba 01, que fica fazendo whirlpool. Encho a caixa térmica (UR) com gelo. Água sai da torneira, resfria no gelo da UR, vai para o chiller, e para o ralo. Quando chega a uns 60 eu deixo de mandar para o ralo e "fecho" o circuito, circulando essa água de resfriamento pela bomba 02 até atingir a temperatura que desejo (chego nuns 25C em 30min, ainda não esperei mais pra ver)
g) resfriado o mosto tiro o chiller e continuo com o whirlpool por mais uns 5min. Desligo a bomba e espero decantar (20 min)
h) para mandar para o fermentador uso a bomba 02 (que foi esterilizada com mosto fervendo) e uma mangueira de silicone de uns 5m sanitizada. No caminho há uma pedra porosa de inox de 2 micra ligada a cilindro de O2 puro, para oxigenar quando necessário.
OBSERVAÇÕES
Já fiz 4 brassagens nele e já mapeei alguns erros de projeto/problemas:
i) primeira pergunta que vem na cachola: por que tanta mangueira e válvula? A ideia foi fazer 100% automatizado e horizontal; ter uma unidade de resfriamento ligada ao sistema; há, obviamente, uma quarta panela, a Unidade de Aquecimento. Tudo isso exigiu esta quantidade de conexões. "Mas dá pra fazer com menos". Dá. Mas eu não tenho conexões rápidas, tudo é fixo. Eu abro/fecho válvula e aperto botão, é o que eu faço durante a brassagem. Resumindo, foi uma escolha, dá pra fazer o mesmo projeto com menos conexões.
ii) na construção do brewstand o fogareiro ficou muito baixo. Por isso tive que por uma placa de madeira e ele em cima, com seus pés originais. Ainda vou ter que arrumar isso.
iii) limpeza é um grande problema deste projeto. Como as mangueiras são fixas, não posso tirar as panelas e lavar em outro lugar (além dos sensores e fios presos a elas). Com jeitinho consigo tombá-las pra limpar com mangueira. Limpo tudo em 1 hora por brassagem.
iv) estou com um problema na velocidade com que mudo a temperatura de mosturação. Para passar de 50C para 67C, por exemplo, demora muito. Vou abrir outro tópico sobre isso porque a discussão é longa.
v) junto com este problema de cima, há uma certa cavitação da bomba de recirculação do mosto (também abordarei neste outro tópico)
Tentei descrever o projeto e processo, espero que não tenha ficado confuso e muito longo. Vou encher de fotos para mostrar. Desculpem mas as fotos não estão com qualidade 100%.
Vou mostrar aqui meu HERMS 50L montado totalmente DYI, orgulho, e que orgulho, do papai aqui. Faço questão de mostrar pois foi um projeto longo pra planejar e montar, mas que dá um tesão do caralho porque te obriga a pensar na engenharia voltada pro processo, montando um desse se aprende ainda mais sobre fazer cerveja. O bom também de montar um sistema próprio é que os erros aparecem logo na montagem, durante as primeiras brassagens, e você conhece cada parafuso, o que facilita manutenções e correções. Tentarei ser didático. Usarei termos em inglês para as panelas, não porque eu curta ianques, mas porque facilita.
CONCEITO
Sistema horizontal de aquecimento indireto (HERMS). Não há contato de calor diretamente com o mosto. OBJETIVO: maior precisão no controle de temperatura, consistência entre levas, automação, facilidade (há muito debate sobre estes pontos, por favor quem tenha experiência com HERMS contribua).
EQUIPAMENTOS BÁSICOS
- HLT - Hot Liquor Tank - panela 68L para água com resistência de 3000W acionada por TIC-17 RGTi
- MT - Mash Tun - panela 68L mosturação com fundo falso
- BK - Boil Kettle - panela 68L para fervura aquecida com fogareiro Jackwall GB13
- UA - Unidade de Aquecimento - panela 10L com serpentina de 8m +- de alumínio, resistência de 2000W acionada por controlador Metaltex 2438-201
- UR - Unidade de Resfriamento - caixa térmica de 30L com serpentina de alumínio de 8m +-, para resfriamento
- chiller de imersão de alumínio de uns 20m
- duas bombas Chugger
- mangueiras de silicone onde passa mosto quente
- mangueira atóxica trançada onde passa água cervejeira e água de resfriamento
- TODAS as conexões de INOX 304
- TODO o sistema em 1/2" (sem redução/ampliação)
- as panelas (exceção à de fervura) são isoladas com isolante Armacell de 19mm de espessura (fabricado pela Armaflex). Aguenta até 120C, segundo o fabricante.
- painel elétrico feito por mim (estude bem antes de fazer o seu! - peça ajuda a um eletricista! - eletricidade não é brincadeira), tudo em 220V (total de 5000W - o que dá 23A, razoavelmente tranquilo de trabalhar, não precisei de maiores instalações na minha casa)
COMO FUNCIONA
a) encho a HLT com água filtrada (filtro carvão ativado). Aqueço até uns 3C acima da temperatura de mosturação
b) passo essa água para o MT e faço mash in (infusão do malte na água)
c) O mosto circula 100% do tempo durante a mosturação. Sai da panela MT, passa pela bomba 01, entra na serpentina dentro da UA e volta para a panela. Nesta volta há um sensor de temperatura (termopar) PT-100, que lê a temperatura do mosto e aciona a resistência de 2kW que está na UA. Desta forma a intenção é: bomba ligada 100% de resistência ligando/desligando para manter a temperatura de mosturação estável
d) durante a mosturação encho o HLT novamente e já vou esquentando a água para lavagem
d) quando termina a mosturação, a cama de grãos está formada e estabilizada. Começo a recolher mosto para fervura (via bomba 02), enquanto que a bomba 01 despeja água de lavagem no MT
e) tudo pra fervura, daqui pra frente é meio que padrão: 10min antes do final da fervura circulo mosto fervendo pela bomba e ponho o chiller dentro da panela, ambos para esterilizar.
f) terminada a fervura ligo a bomba 01, que fica fazendo whirlpool. Encho a caixa térmica (UR) com gelo. Água sai da torneira, resfria no gelo da UR, vai para o chiller, e para o ralo. Quando chega a uns 60 eu deixo de mandar para o ralo e "fecho" o circuito, circulando essa água de resfriamento pela bomba 02 até atingir a temperatura que desejo (chego nuns 25C em 30min, ainda não esperei mais pra ver)
g) resfriado o mosto tiro o chiller e continuo com o whirlpool por mais uns 5min. Desligo a bomba e espero decantar (20 min)
h) para mandar para o fermentador uso a bomba 02 (que foi esterilizada com mosto fervendo) e uma mangueira de silicone de uns 5m sanitizada. No caminho há uma pedra porosa de inox de 2 micra ligada a cilindro de O2 puro, para oxigenar quando necessário.
OBSERVAÇÕES
Já fiz 4 brassagens nele e já mapeei alguns erros de projeto/problemas:
i) primeira pergunta que vem na cachola: por que tanta mangueira e válvula? A ideia foi fazer 100% automatizado e horizontal; ter uma unidade de resfriamento ligada ao sistema; há, obviamente, uma quarta panela, a Unidade de Aquecimento. Tudo isso exigiu esta quantidade de conexões. "Mas dá pra fazer com menos". Dá. Mas eu não tenho conexões rápidas, tudo é fixo. Eu abro/fecho válvula e aperto botão, é o que eu faço durante a brassagem. Resumindo, foi uma escolha, dá pra fazer o mesmo projeto com menos conexões.
ii) na construção do brewstand o fogareiro ficou muito baixo. Por isso tive que por uma placa de madeira e ele em cima, com seus pés originais. Ainda vou ter que arrumar isso.
iii) limpeza é um grande problema deste projeto. Como as mangueiras são fixas, não posso tirar as panelas e lavar em outro lugar (além dos sensores e fios presos a elas). Com jeitinho consigo tombá-las pra limpar com mangueira. Limpo tudo em 1 hora por brassagem.
iv) estou com um problema na velocidade com que mudo a temperatura de mosturação. Para passar de 50C para 67C, por exemplo, demora muito. Vou abrir outro tópico sobre isso porque a discussão é longa.
v) junto com este problema de cima, há uma certa cavitação da bomba de recirculação do mosto (também abordarei neste outro tópico)
Tentei descrever o projeto e processo, espero que não tenha ficado confuso e muito longo. Vou encher de fotos para mostrar. Desculpem mas as fotos não estão com qualidade 100%.