Maturação a frio

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Danilo_b

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Jul 7, 2014
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Pessoal,

Estou com uma dúvida mais de ordem técnica do que prática.
Pelo que li no livro do John Palmer, a maturação se inicia após o término da fermentação primária (consumo total dos açúcares fermentáveis pelas leveduras). Ok. Então concluímos que a fermentação secundária, onde as leveduras consomem os subprodutos por elas mesmas gerados durante a fermentação primária, já é maturação.
Ou seja, sempre que as leveduras estiverem trabalhando de alguma forma, após atenuação máxima, haverá maturação.
Agora, a dúvida:
Após o envase, se cervejas da família Ale forem mantidas em baixas temperaturas (de 2 a 6 °C), haverá maturação?
As leveduras não estariam adormecidas?
Há maturação pós-pasteurização?

Se alguém puder me ajudar, ficarei muito grato.

Abraços.
 
A cerveja sempre vai "evoluir". Seja para o bem ou seja para o mal. Depende o que tu quer que aconteça com a tua cerveja..
Algumas vezes, por trabalho direto da levedura, outras vezes por ação de oxidação por exemplo.
 
Pessoal,

Estou com uma dúvida mais de ordem técnica do que prática.
Pelo que li no livro do John Palmer, a maturação se inicia após o término da fermentação primária (consumo total dos açúcares fermentáveis pelas leveduras). Ok. Então concluímos que a fermentação secundária, onde as leveduras consomem os subprodutos por elas mesmas gerados durante a fermentação primária, já é maturação.
Ou seja, sempre que as leveduras estiverem trabalhando de alguma forma, após atenuação máxima, haverá maturação.
Agora, a dúvida:
Após o envase, se cervejas da família Ale forem mantidas em baixas temperaturas (de 2 a 6 °C), haverá maturação?
As leveduras não estariam adormecidas?
Há maturação pós-pasteurização?

Se alguém puder me ajudar, ficarei muito grato.

Abraços.

Minha opinião é de que esses termos de primária e secundária são desnecessários, porque só confundem, mas a literatura usa, fazer o que...

Secundária e maturação não são a mesma coisa. A maior diferença é a atividade do fermento, na secundária ela ainda é forte, ainda há um resto de açucar sendo consumido, diacetil sendo reabsorvido e a levedura começando a flocular e sedimentar.

Passado esse período, começa a contar como maturação. Atividade do fermento menos presente, as caracteristicas da cerveja começam a ficar mais definidas e mudar mais devagar, as coisas começam a assentar.

Então maturação é um processo de principalmente duas coisas: decantação e oxidação. Existe sempre uma mínima atividade da levedura, que vai transformando lentamente, mesmo em baixas temperaturas, mas as transformações que ocorrem a partir daí são principalmente física e quimicas e isso ocorre da mesma forma na cerveja pasteurizada.

Maturando a cerveja a frio, vc está favorecendo a parte física da coisa, decantando levedura, polifenóis, etc. Maturando a quente é a oxidação que é favorecida.

Como disse o outro Tiago, é uma de escolher o que é melhor pra cada caso..

Abraço
 
Minha opinião é de que esses termos de primária e secundária são desnecessários, porque só confundem, mas a literatura usa, fazer o que...

Secundária e maturação não são a mesma coisa. A maior diferença é a atividade do fermento, na secundária ela ainda é forte, ainda há um resto de açucar sendo consumido, diacetil sendo reabsorvido e a levedura começando a flocular e sedimentar.

Passado esse período, começa a contar como maturação. Atividade do fermento menos presente, as caracteristicas da cerveja começam a ficar mais definidas e mudar mais devagar, as coisas começam a assentar.

Então maturação é um processo de principalmente duas coisas: decantação e oxidação. Existe sempre uma mínima atividade da levedura, que vai transformando lentamente, mesmo em baixas temperaturas, mas as transformações que ocorrem a partir daí são principalmente física e quimicas e isso ocorre da mesma forma na cerveja pasteurizada.

Maturando a cerveja a frio, vc está favorecendo a parte física da coisa, decantando levedura, polifenóis, etc. Maturando a quente é a oxidação que é favorecida.

Como disse o outro Tiago, é uma de escolher o que é melhor pra cada caso..

Abraço
A minha opinião já é diferente, tanto pelo que interpreto da teoria, mas muito também pela prática. Também não acho os termos primária e secundária ruins. Normalmente as pessoas vem me perguntar sobre fermentação, maturação, etc, e depois que explico com clareza os conceitos de fermentação primária, secundária, maturação e envelhecimento, a coisa fica muito mais claras. Nos cursos, onde tem iniciantes do zero mas também pessoas que já fazem, nem se fala... normalmente saem me agradecendo.

Fermentação Primária é o consumo dos açúcares facilmente fermentáveis.

Fermentação Secundária é, sobretudo (mas não somente) a reabsorção/conversão de muitos subprodutos indesejáveis (como diacetil, acetaldeído, etc).

Uma coisa importante a saber é que essas duas coisas não estão completamente separadas, ou seja, essa reabsorção já começa a acontecer antes de todos os principais açúcares fermentáveis serem consumidos.

Bom, depois disso, ou seja, feita a fermentação primária e secundária, vem uma outra fase que as literaturas chamam de "conditioning", e que muitos no Brasil confundem com simplesmente o período de refermentação na garrafa, ou priming. Conditioning, em algumas literaturas, também é intercambiado com Aging (envelhecimento). Os americanos pouco usam o termo "maturation".

Resumindo, independente de usar o termo maturar ou envelhecer, a questão é entender o que ocorre.

Como o Tiago falou, ocorre muita decantação, e também oxidação, porém, o fermento continua trabalhando com tempo e continua processando alguns açúcares maiores que durante a fermentação não são consumidos, e isso, com o tempo, muda bastante a cerveja.

Esse é o principal ponto onde discordo do Tiago: cervejas não pasteurizadas podem se beneficiar de envelhecimento (assim como alguns vinhos) justamente por terem presença de fermento ativo. Cervejas pasteurizadas ou filtradas ao extremo, não. Ou seja há uma grande diferença em ter fermento vivo, e no quanto eles agem como tempo, e na velocidade.... e isso transcende os meros efeitos de decantação e oxidação. Algumas cervejas demoram anos pra ficarem perfeitas, e se tivessem sido pasteurizadas, não ficariam (mesmo com a oxidação ocorrendo igual). Isso está dito no How to Brew, algo como "as the majority of the simple sugars are consumed, more yeast start eating larger and complex sugars".. e depois tem algo como "that's the reason beer and wine improve with age if they are on yeast, which does not happen with pasteurized or filtered beer".

E o que define muita dessa atividade do fermento, oxidação e velocidade de decantação? Temperatura.

Temperaturas mais baixas diminuem muito a ação do fermento (o que pode não ser bom), diminui a oxidação (o que na maior parte dos casos é bom), e acelera a decantação (o que na maior parte dos casos é bom também). Dependendo da temperatura (zero, por exemplo) fermentos Ale praticamente não fazem nada... pois pelo comportamento de hibernação eles entram em estado de dormência quase total e ficam gastando o mínimo de energia possível, consumindo suas reservas lentamente durante muitos e muitos meses.. anos. Aliás.. esse é o motivo pelo qual fermento saudável gera muito menos chance de autólise... fermento saudável, ao hibernar, pode construir grandes reservas pra ficar muito tempo parado. Fermento esgotado.. logo não tem mais reservas, morrem, mas morrem e se desmancham, causando autólise.

Temperaturas mais altas estimulam que o fermento ainda tenha atividade, e isso faz com que ao longo do tempo, ele processe outros tipos de açúcares muito lentamente, e dependendo do tipo de cerveja, isso faz uma diferença grotesca!

Já fiz algumas cervejas extremas, várias com OG acima de 1100, mas algumas inclusive com 1120, 1130, e uma de 1150. Nessas duas últimas mais fortes, eles terminaram extremamente doces.. quase intragáveis. A FG na de 1150 ficou em 1060 e poucos (mesmo depois de adicionar mais fermento, adicionar fermento belga importado para alto ABV, e por aí vai). A de FG na de 1130 ficou em uns 1050 e poucos. Em todas elas eu fiz "fermentações secundárias", no mesmo fermentador, sem mudar nada... durante meses.

Na de 1150, eu guardei garrafas a quente, e outras a frio. Depois de 1 ano e meio, 2 anos, a diferença entre as duas era gigante. Nível de oxidação era extremamente parecido, pois depois de 2 anos, toda a oxidação que era pra ocorrer, ocorreu.. a grande diferença estava na doçura. A que ficou a quente era muito, muito melhor.

Já na 1130, eu simplesmente deixei o fermentador a temperatura ambiente, com fermento e tudo, durante 1 ano, e depois embarrilei e comecei a beber. Gosto completamente diferente do que quando ela tinha uns 2 meses... e nesse caso, relativamente pouca oxidação (talvez por nunca ter aberto o fermentador, nem adicionado mais fermento, nem nada).

No final de tudo isso, qual a minha interpretação dos processos, dos termos, e qual analogia posso fazer?

Bom, uma analogia que eu gosto de usar é a seguinte: digamos que eu tenha um irmão gêmeo... e que somos 100% idênticos geneticamente. Se nós fizermos a mesma coisa a vida inteira, chegaremos aos 40 anos muito parecidos. No entanto, se meu irmão trabalhar a vida inteira num escritório no ar-condicionado, e eu trabalhar na roça, pegando sol na cara o dia inteiro, certamente ele vai chegar aos 40 com uma aparência muito mais jovem, e eu vou estar com a cara enrugada pelos efeitos do sol... no entanto, ambos estaremos com 40 anos.

Ou seja, o frio conserva... o calor envelhece.

Por isso que uma famosa técnica de envelhecimento de cerveja é deixá-las no que os americanos chamam de "cellar temperature", mais ou menos entre 10 e 12 graus. Essa temperatura é utilizada porque ainda há uma boa atividade do fermento, mas como a temperatura é mais baixa, diminui razoavelmente os efeitos da oxidação.

Ao mesmo tempo, é também por causa desses efeitos de temperatura que se faz "lagering" nas lagers, pois nessas cervejas (com suas exceções... caso das Doppelbocks), se matura com temperatura o mais baixa possível, para que ocorram simples decantações, e para evitar ao máximo oxidação e qualquer ação do fermento, até porque no caso das lagers, em sua maioria não muito fortes, elas já conseguem uma ótima atenuação.

Resumindo, maturação/envelhecimento ocorre em qualquer temperatura, queira ou não, assim como eu e o meu "irmão gêmeo" vamos envelhecer de qualquer maneira... vamos chegar aos 40 anos juntos, e não há como mudar isso. O que se pode mudar é COMO essa maturação vai ocorrer... e aí entra o conhecimento/talento/discernimento do cervejeiro em escolher qual temperatura vai usar pra maturar de acordo com os objetivos que quer para aquela cerveja. Uma Pilsener ou uma Weiss... certamente eu vou guardar o mais geladas possível (mesmo que a decantação da Weiss não seja legal, pq o importante é manter o frescor). Já uma Barleywine ou uma Russian Imperial Stouts, certamente eu prefiro guardar a quente.

Pra finalizar, sobre os termos, pra mim, usar o termo "maturar" faz muito mais sentido quando está guardada a frio, e "envelhecer", quando está a quente. No entanto, essa é uma definição que eu tinha há 2 ou 3 anos atrás. Hoje em dia, vendo os termos que são usados no resto dos foruns do mundo... livros, etc, já acho que o termo maturação, aqui no Brasil, pode ser usado para as duas coisas, se não ia complicar muito. Isso de modo geral, pq pessoalmente gosto de usar termos diferentes... mas não costumo corrigir ninguém quanto a isso.

Bom, espero ter deixado a coisa um pouco mais clara.

Abraço,
 
Last edited:
Belo texto Guenther!

"Uma coisa importante a saber é que essas duas coisas não estão completamente separadas, ou seja, essa reabsorção já começa a acontecer antes de todos os principais açúcares fermentáveis serem consumidos."

Pois é, é justamente por isso que eu não gosto dos termos "Fermentação Primária" e "Fermentação Secundária" porque são termos que segregam, dão a entender que são duas coisas distintas. Daí toda vez que vc fala, ensina ou usa eles, logo em seguida tem que explicar que não são coisas separadas, como vc disse ali.

Não precisaria dar essa volta toda se fosse entendido como "fase primária da fermentação" e "fase secundária da fermentação", por ex. Porque daí vc tá dando a entender que são duas etapas diferentes dentro de um processo só.

Ainda tem a questão da "troca de baldes" entre uma e outra, que tá ligada aos termos, porque é o que tá na literatura básica, tá desatualizada, mas é o que o pessoal lê ainda, daí aparece em todo lugar falando que vai trocar de balde daqui 3 dias e vc tem que retificar os termos e justificar...

"Esse é o principal ponto onde discordo do Tiago: cervejas não pasteurizadas podem se beneficiar de envelhecimento (assim como alguns vinhos) justamente por terem presença de fermento ativo. Cervejas pasteurizadas ou filtradas ao extremo, não."

Também acredito no poder enorme do fermento de tranformar a cerveja, e é gritante o que ele pode fazer em pouco tempo. Mas o próprio vinho, que vc comparou à cerveja não pasteurizada, não tem presença de fermento... o processo de envelhecimento na garrafa de um vinho é basicamente químico...

A questão é que eu falei em "transformação" e vc em "beneficiar" e claro, são coisas diferentes. Já tomei cerveja comercial, escura, pasteurizada, vencida a 7 anos, tava muito diferente, não era mais a mesma cerveja, mas realmente ela não tinha se beneficiado muito dessa mudança não.

Abraço
 
Primeiramente, muito obrigado pela atenção. É graças a pessoas como vocês que conseguimos evoluir a cada dia como cervejeiro.

Guenther e Tiago, as explicações foram muito bem dadas. Não imaginei que obteria respostas tão completas.

O que pude perceber, segundo a exposição de vocês, é que a divergência é muito mais conceitual (formal) do que material.

Todos os processos descritos irão ocorrer, de uma forma ou de outra, a variar de acordo com as técnicas utilizadas, obviamente. A diferença é que uns chamam de um nome, outros de outro.

Se houvesse uma convenção internacional a fim de definitivamente estabelecer o conceito de fermentação primária, fermentação secundária, maturação e envelhecimento, ou simplesmente aging, para estas últimas, tudo ficaria mais simples.

De acordo com as colocações de vocês, eu definiria da seguinte forma:

Fermentação primária: Primeira etapa da fermentação onde a esmagadora maioria dos açúcares fermentáveis são convertidos.

Fermentação secundária: É uma etapa mais avançada, em termos de tempo, do processo de fermentação, onde as leveduras ficarão encarregadas de absorver subprodutos, converter alguns açúcares residuais, flocular e decantar.

Obs: A fermentação secundária tem início no final da primária, ou seja, elas tem um período em comum, que estaria compreendido pelo final de uma e início da outra.

Maturação: Fase manipulável em que se busca determinadas características para a cerveja, basicamente através da ação de leveduras a longo prazo, dentro de uma faixa de temperatura em que, ao menos de forma mínima, as leveduras consigam trabalhar. Nessa etapa procuramos o tempo mínimo para que a cerveja fique legal para beber. Cerveja madura é aquela que não está verde.

Envelhecimento: Fase em que pode haver ou não a ação das leveduras. O que nos permite concluir que mesmo bebidas pasteurizadas podem envelhecer, através de processos químicos, mas não biológicos. Se esse envelhecimento é bom ou não para o objetivo, é o cervejeiro quem vai decidir.

Obs: Quem vai definir se está maturando ou envelhecendo é o cervejeiro, pois estão sendo avaliados aspectos subjetivos, como nível de oxidação e atenuação de açúcares complexos, por exemplo.


Isso foi o que consegui extrair das explicações.

Obrigado,


Abraços!

_____________________________
Fermentando: English Pale Ale (ESB)
Maturando: Russian Imperial Stout
Envasada: India Pale Ale
 
Belo texto Guenther!

"Uma coisa importante a saber é que essas duas coisas não estão completamente separadas, ou seja, essa reabsorção já começa a acontecer antes de todos os principais açúcares fermentáveis serem consumidos."

Pois é, é justamente por isso que eu não gosto dos termos "Fermentação Primária" e "Fermentação Secundária" porque são termos que segregam, dão a entender que são duas coisas distintas. Daí toda vez que vc fala, ensina ou usa eles, logo em seguida tem que explicar que não são coisas separadas, como vc disse ali.

Não precisaria dar essa volta toda se fosse entendido como "fase primária da fermentação" e "fase secundária da fermentação", por ex. Porque daí vc tá dando a entender que são duas etapas diferentes dentro de um processo só.

Ainda tem a questão da "troca de baldes" entre uma e outra, que tá ligada aos termos, porque é o que tá na literatura básica, tá desatualizada, mas é o que o pessoal lê ainda, daí aparece em todo lugar falando que vai trocar de balde daqui 3 dias e vc tem que retificar os termos e justificar...

"Esse é o principal ponto onde discordo do Tiago: cervejas não pasteurizadas podem se beneficiar de envelhecimento (assim como alguns vinhos) justamente por terem presença de fermento ativo. Cervejas pasteurizadas ou filtradas ao extremo, não."

Também acredito no poder enorme do fermento de tranformar a cerveja, e é gritante o que ele pode fazer em pouco tempo. Mas o próprio vinho, que vc comparou à cerveja não pasteurizada, não tem presença de fermento... o processo de envelhecimento na garrafa de um vinho é basicamente químico...

A questão é que eu falei em "transformação" e vc em "beneficiar" e claro, são coisas diferentes. Já tomei cerveja comercial, escura, pasteurizada, vencida a 7 anos, tava muito diferente, não era mais a mesma cerveja, mas realmente ela não tinha se beneficiado muito dessa mudança não.

Abraço

É, eu acho que em muitos casos a gente pensa o mesmo, só explica de forma diferente.

Sobre os termos, é, aqui no Brasil inicialmente a "primária" e "secundária" ficou conhecida como baldes diferentes... mas eu vejo que isso tá mudando bastante... e esse entendimento já está, ao meu ver, menor do que o entendimento mais correto, que é entender "primária" com a fermentação, e "secundária" como reabsorção das porcarias.

Eu acredito que na hora de explicar isso a primeira vez pra pessoas muito leigas, não há problema em separar esses processos, pois fica mais fácil de entender. É que nem o Palmer fala no How to Brew..... "fazer cerveja é como dirigir um carro.... você pode sentar e dirigir, simples assim. Não precisa entender de combustão interna dos cilindros, no entanto, se pelo menos entender um pouco mais do funcionamento do carro, você pode utilizá-lo de forma mais eficiente".

No próprio How to Brew, nas últimas edições, o Palmer já atualizou essa parte, deixando bem claro o que é fermentação primária e secundária, e que isso não tem a ver com fermentaDOR primário e secundário.... e ele mesmo revisou isso no livro dizendo que já deixou cerveja a temperatura ambiente durante vários meses sem problemas.

Sobre o Vinho..... isso depende de um monte de fatores... depende se estamos falando em envelhecimento na garrafa, em pipas (que tem fermento), em aplicação de metabisulfito, se estamos falando em vinhos de guarda, e por aí vai. Dependendo do vinho, há sim ação do fermento também. A quantidade pode ser muito menor que na cerveja, mas sim, há ação, de outra forma acredito que o Palmer não teria escrito isso no livro.

Abração,
 
Last edited:
Concordo Guenther.

Acho realmente que são só pontos de vista da mesma coisa, tu tens dado cursos pra iniciantes, o que te permite ensinar logo da maneira correta, independente dos termos, enquanto eu só tenho contato com iniciados, que muitas vezes caem na confusão, aí tendo que explicar de forma mais minuciosa os termos e justificar o motivo da transferência indicada na primeira edição do How to Brew.

O Palmer ganhou uma reputação imensa e com mérito, mas a gente tem que frisar pro pessoal buscar informação mais atualizada dele, porque como a primeira edição é de graça e tem até tradução, acaba vindo de lá o erro na maioria das vezes...

Quanto ao vinho, nem vou me atrever a palpitar, porque não conheço o suficiente, mas nunca entrei em contato com vinho que tivesse qualquer sinal de depósito de levedura na garrafa, quanto ao processo de envelhecimento eu já não sei quando são e quando não são sulfitados nas pipas...

Acho que o meio da cerveja, por ser um pouco menos ácido e alcoolico do que o vinho deve ajudar um pouco nessa continuidade da levedura.

Sobre os processos de maturação, a minha opinião vem do Brew Strong, no episódeo "lagering" o Jamil e o Palmer acabam concordando que o grande mérito do lagering, enquanto "arredondamento" dos sabores, seria a decantação dos taninos que vem dos grãos e da fervura do lúpulo... mas eles não excluem a atividade do fermento, é claro.

Talvez um pouco da idéia de dar menos importância pra atividade do fermento durante a maturação também seja pra desiludir quem acha que se fermentou mal uma cerveja e deixou ela ruim, daqui dois anos vai ficar boa...

Abraço
 
Concordo Guenther.

Acho realmente que são só pontos de vista da mesma coisa, tu tens dado cursos pra iniciantes, o que te permite ensinar logo da maneira correta, independente dos termos, enquanto eu só tenho contato com iniciados, que muitas vezes caem na confusão, aí tendo que explicar de forma mais minuciosa os termos e justificar o motivo da transferência indicada na primeira edição do How to Brew.

O Palmer ganhou uma reputação imensa e com mérito, mas a gente tem que frisar pro pessoal buscar informação mais atualizada dele, porque como a primeira edição é de graça e tem até tradução, acaba vindo de lá o erro na maioria das vezes...

Quanto ao vinho, nem vou me atrever a palpitar, porque não conheço o suficiente, mas nunca entrei em contato com vinho que tivesse qualquer sinal de depósito de levedura na garrafa, quanto ao processo de envelhecimento eu já não sei quando são e quando não são sulfitados nas pipas...

Acho que o meio da cerveja, por ser um pouco menos ácido e alcoolico do que o vinho deve ajudar um pouco nessa continuidade da levedura.

Sobre os processos de maturação, a minha opinião vem do Brew Strong, no episódeo "lagering" o Jamil e o Palmer acabam concordando que o grande mérito do lagering, enquanto "arredondamento" dos sabores, seria a decantação dos taninos que vem dos grãos e da fervura do lúpulo... mas eles não excluem a atividade do fermento, é claro.

Talvez um pouco da idéia de dar menos importância pra atividade do fermento durante a maturação também seja pra desiludir quem acha que se fermentou mal uma cerveja e deixou ela ruim, daqui dois anos vai ficar boa...

Abraço
Exatamente... por isso até, no caso das lagers, que eu citei o seguinte... é a mesma opinião que tenho em relação a esse episódio do BrewStrong:

"por causa desses efeitos de temperatura que se faz "lagering" nas lagers, pois nessas cervejas (com suas exceções... caso das Doppelbocks), se matura com temperatura o mais baixa possível, para que ocorram simples decantações, e para evitar ao máximo oxidação e qualquer ação do fermento, até porque no caso das lagers, em sua maioria não muito fortes, elas já conseguem uma ótima atenuação."

Sobre o negócio de "depois de 2 anos vai ficar boa".... isso é realmente impressionante... pois pra cervejas muito fortes faz uma diferença absurda. No Brewing Classic Styles, inclusive, além da receita normal do livro, logo depois eles postam a receita de um "amigo" deles, pois eles julgam que o cara faz uma das melhores RIS do mundo, e entre outras coisas, o cara recomenda fermentar em temperatura mais alta pra gerar uma boa quantidade de diacetil, que segundo ele, é benéfico para o estilo, e recomenda envelhecimento de 2 ou 3 anos. Muito massa...

Abraço,
 
Exatamente... por isso até, no caso das lagers, que eu citei o seguinte... é a mesma opinião que tenho em relação a esse episódio do BrewStrong:

"por causa desses efeitos de temperatura que se faz "lagering" nas lagers, pois nessas cervejas (com suas exceções... caso das Doppelbocks), se matura com temperatura o mais baixa possível, para que ocorram simples decantações, e para evitar ao máximo oxidação e qualquer ação do fermento, até porque no caso das lagers, em sua maioria não muito fortes, elas já conseguem uma ótima atenuação."

Sobre o negócio de "depois de 2 anos vai ficar boa".... isso é realmente impressionante... pois pra cervejas muito fortes faz uma diferença absurda. No Brewing Classic Styles, inclusive, além da receita normal do livro, logo depois eles postam a receita de um "amigo" deles, pois eles julgam que o cara faz uma das melhores RIS do mundo, e entre outras coisas, o cara recomenda fermentar em temperatura mais alta pra gerar uma boa quantidade de diacetil, que segundo ele, é benéfico para o estilo, e recomenda envelhecimento de 2 ou 3 anos. Muito massa...

Abraço,

Cara, que doido esse negócio do diacetil... acabei de abrir meu brewing classic styles pra ler essa parte, nunca tinha lido o tópico RIS!
 
....Então maturação é um processo de principalmente duas coisas: decantação e oxidação. Existe sempre uma mínima atividade da levedura, que vai transformando lentamente, mesmo em baixas temperaturas, mas as transformações que ocorrem a partir daí são principalmente física e quimicas e isso ocorre da mesma forma na cerveja pasteurizada.

Maturando a cerveja a frio, vc está favorecendo a parte física da coisa, decantando levedura, polifenóis, etc. Maturando a quente é a oxidação que é favorecida.

Como disse o outro Tiago, é uma de escolher o que é melhor pra cada caso..

Abraço


Sobre o pós envase.

Minha ideia é Pale Ale 20 litros.

Vi as opções de a frio e a quente (ambiente). Minha temperatura
durante o ano varia de 26 a 30 graus, Recife. Como a ideia é concluir
a fermentação a 25 e posteriormente baixar até próximo a zero e fazer
o envase nessa temperatura, deixo por uns dias até ganhar pressão nas garrafas com 28 graus (ambiente) e após equilíbrio (manômetro) ponho para gelar ?
Ou posso, por motivos de espaço na geladeira, manter as garrafas sempre
a 28 graus e quando for consumir gelo ?

Não quero criar bombas, nem perder por oxidação a breja.

Ainda não estou usando todos os termos corretos, pois em duas semanas já tenho mais de 50 novas palavras, siglas, sem falar em palavras impronunciáveis....:drunk:

grato a todos
 
Sobre o pós envase.

Minha ideia é Pale Ale 20 litros.

Vi as opções de a frio e a quente (ambiente). Minha temperatura
durante o ano varia de 26 a 30 graus, Recife. Como a ideia é concluir
a fermentação a 25 e posteriormente baixar até próximo a zero e fazer
o envase nessa temperatura, deixo por uns dias até ganhar pressão nas garrafas com 28 graus (ambiente) e após equilíbrio (manômetro) ponho para gelar ?
Ou posso, por motivos de espaço na geladeira, manter as garrafas sempre
a 28 graus e quando for consumir gelo ?

Não quero criar bombas, nem perder por oxidação a breja.

Ainda não estou usando todos os termos corretos, pois em duas semanas já tenho mais de 50 novas palavras, siglas, sem falar em palavras impronunciáveis....:drunk:

grato a todos

Olá Edu,

Bem, não vou ser o primeiro a dizer que botar as garrafas pra gelar pra frear sua explosão é ultimo recurso. Não que vc deve deixar elas explodirem, e sim que vc deve ter cuidado na hora de fazer o priming, ter certeza de que fermentou a cerveja até o fim, etc. pra que justamente não haja esse potencial de garrafas-bomba.

Seguindo com a escolha de como armazenar uma pale ale, bem, é um estilo mais leve em álcool, não tão escuro e normalmente com aromas mais pronunciados de lúpulo, são todos atributos favoráveis a escolher manter a cerveja refrigerada.

Se vc tem essa possibilidade, ótimo, elas vão ficar legais por bem mais tempo na geladeira. Se isso te impede de seguir produzindo, ou qualquer coisa assim, não é como se elas fossem estragar em temperatura ambiente, mas elas vão perdendo o frescor do aroma e mudando mais rapidamente...
 
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