Primeira Brassagem - "Clone" Trashy Blonde BrewDoG

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ximils

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Dec 18, 2017
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Camaradas,

No dia 10/12 fiz a minha primeira brassagem solo. Eu já faço cerveja com um grupo de amigos e tinha participado de algumas brassagens como assistente, daí decidi comprar meu equipamento e fazer sozinho também (sem deixar de fazer com os brothers, claro).

Gostaria de agradecer imensamente aos cervejeiros mais experientes que vêm aqui compartilhar seu conhecimento e ajudar os mais novos, obviamente fazendo uma menção especial ao Guenther, o Farol de Alexandria do Homebrewer nacional :D.

Pedi meu equipamento pelo Mercado Livre, mas a panela atrasou... Então, como já estava desesperado para fazer cerveja logo, peguei uma panela emprestada dos amigos (40L) e me aventurei... Isso gerou uma treta e muito trabalho no meu processo, como vocês verão a seguir...

Receita (inspirada na Trashy Blonde, da BrewDog, utilizando as mesmas proporções)
Maltes:
Pale Ale Maris Otter: 4kg (84,2%)
Munich: 0.5kg (10,5%)
Caramunich: 0.25kg (5,3%)
Lúpulos
Amarillo: 14g (FWH)
Summit: 10g (FWH) - a receita original utiliza Simcoe, mas não tinha e o camarada da loja indicou esse por ser parecido.
Amarillo: 26g (0min)
Motueka: 19g (0min)
Fermento
US-04: dois pacotes hidratados a 34°C conforme indicado no post do Guenther (ferve água, baixa temperatura, mistura e deixa 15 min sem mexer e depois mexe suavemente de 5 em 5 min). Eu esqueci de tirar o fermento da geladeira, então ele foi gelado para a água a 34°C.
Parâmetros Beersmith (30.8l de água com BIAB - 60% de eficiência)
OG: 1047
FG: 1009
IBU: 45,8
ABV: 4,95
EBC: 17.5

Brassagem (aí começa toda a treta...)
Eu havia projetado para fazer a cerveja com o sistema BIAB, mas, como disse, minha panela não chegou a tempo... Daí a panela que eu peguei emprestada era muito grande para o grain bag... Como já tinha comprado todos os insumos, resolvi fazer assim mesmo, meio no cavalo doido.

Como a panela não tinha bazuca, após a mostura precisei passar o mosto para o fermentador com o bag dentro, tirar os grãos da panela e depois voltar o líquido para a fervura. Pense numa trabalheira e num festival de puta que o pariu...

Parâmetros:
Mosturação: 1h30 - água a 70°C, baixou para 65° após adicionar o malte. Após 1h30 a temperatura estava em 55°C (todo o período com panela tampada, sem medir temperatura. Evitei até ficar olhando muito para não dar zica.). Esqueci de fazer o teste de iodo no meio do desespero.
Densidade pré-fervura: 1038 (fervura de 60 minutos)
Resfriamento pós fervura: 38 min (após isso, whirpool com 15 minutos de descanso).
OG: 1043 (medida a 24°C com refratômetro antes de inocular e corrigida pela tabela).

Fermentação:
Inoculação do fermento a 24°C, fermento hidratado e mosto à mesma temperatura.
Após inoculação, a cerveja foi levada para geladeira com controle de temperatura configurado para 18ºC(histerese de 0,2°C). Levou quatro horas para baixar de 24°C para 18°C (inércia térmica fez a temperatura chegar a 16,5°C).
Densidade em 12/12 (dois dias depois): 1018
Densidade em 14/12: 1018
Obs.: a temperatura em Brasília está bem baixa e tem a inércia térmica da geladeira, então era comum olhar o controlador e a temperatura estar em 17,6°C.
Hoje completamos oito dias de fermentação (quatro de primária e quatro de secundária).

Baixa atenuação:
Como não atenuava mais, resolvi colocar agitar o balde e começar a subir a temperatura em 1°C por dia em 14/12 (objetivo é chegar aos 25°C e fazer o cold crash).
Em 17/12 a densidade continuava em 1018 (todas medições da fermentação com densímetro utilizado corretamente).
Hoje configurei para 23°C.

Problemas:
Baixa OG: 1043
Baixa atenuação: FG 1018 (53%)
Cerveja está sem gosto de nada. O cheiro está bom, mas o sabor parece aquele kisuco super diluído, mas com gosto de lúpulo.

Lições que aprendi:
Fazer cerveja sozinho é a melhor forma de aprender, inclusive a se organizar melhor.
Humildade. É bem fácil ler os relatos de outros novatos e ficar pensando "nó... óia o vacilo que esse doido deu...". Quando você mete as caras vê que o buraco é mais embaixo e que literatura sozinha não resolve nada, só te fornece parâmetros.

Não sei se vai dar para fazer mais alguma coisa com essa atenuação. O jeito vai ser engarrafar essa garapa com 3,3%ABV e torcer para não ficar tão insossa quanto está agora.

Abraços pra geral,
Edmilson Pereira
 
Parabéns pela coragem! Com todo esse conhecimento que parece ter, estou com medo da minha primeira vez... pq não sei nada!!! Kkk o bom é que quando a gente não sabe não sofre!!


Enviado do meu iPhone usando Tapatalk
 
Parabéns pela coragem! Com todo esse conhecimento que parece ter, estou com medo da minha primeira vez... pq não sei nada!!! Kkk o bom é que quando a gente não sabe não sofre!!


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Bicho, eu tô começando também. Não sei de nada ainda, mas estou motivado para aprender. Quer um conselho? Leia todos (todos mesmo) os posts fixos do fórum, do início ao fim. Lá você vai encontrar explicação de procedimentos, vacinas contra mitos difundidos por aí e indicações de bibliografia.

Abraço!
 
@Ed81, primeira(s) brassagem(s) é perrengue mesmo, ainda mais com equipamento improvisado, haha
Mas está de parabéns pelo primeira tentativa, o mais importante você já tem, humildade e vontade de aprender!

Não simulei sua receita num software, mas olhando os parâmetros e as quantidades me parece bem planejada.

Alguns problemas que identifiquei no seu processo e podem ter contribuído para esse resultado:

1) Falta de controle da temperatura durante a mostura: começou a 65ºC e deixou cair até 55ºC durante 90min. Abaixo dos 60ºC você já começa a sair da melhor temperatura de atividade das enzimas, ou seja, parte do seu tempo de mostura deve ter ocorrido numa temperatura que desfavorece a conversão do amido em açucares. Não ter trabalhado a temperatura das alfa amilases contribui pra deixar a cerveja com baixo corpo também. É bem provável que ao fim dos 90min você ainda tivesse muito amido não convertido, o teste de iodo teria mostrado isso. Sugiro controlar melhor a temperatura nessa etapa, tentando manter pelo menos entre os 64ºC e 68ºC (mais baixa ou mais alta dependendo do perfil desejado na receita), fora dessa faixa a convesão já não é tão eficiente.
Esse gráfico do "How to Brew" ilustra bem o envelope de atuação das enzimas: http://howtobrew.com/assets/img/assets/f79.gif

2) Não lavagem do bagaço: isso prejudica um pouco a eficiência, mas faz parte do método BIAB, troca-se eficiência pela praticidade. Isso facilita um pouco o processo pra quem tá começando. Você fez bem ao levar isso em conta no planejamento da receita, assumindo uma eficiência de 60%, então tá ok.

3) Hidratação do fermento gelado na água a 34ºC: não sei o quanto isso pode ter prejudicado, mas certamente o choque térmico não é bom para a levedura. Pode ser que isso tenha inviabilizado parte da levedura que você usou. Sugiro ter a menor diferença de temperatura possível entre a levedura e a água no momento da hidratação, e entre a levedura e o mosto na inoculação.

Esses devem ter sido os principais fatores que levaram aos problemas que você relatou: baixa OG, baixa atenuação, "sem gosto de nada", "diluído".

O único ponto que eu teria atenção no restante do processo é na quantidade de açucar caso faça primming. Como ela ficou com FG bem alta pode ser que parte desse açucar seja ainda consumido na refermentação. Eu optaria por colocar pouco açucar (uns 6g/L no máximo) pra evitar surpresas explosivas.

Mas lembre-se sempre do mantra "Relax, don't worry, have a home brew."
Manda bala! Segue com a carbonatação, no fim vai dar cerveja, mesmo que não seja perfeita. Ficou com baixa ABV? Muda o nome pra "Session Trashy Blonde", haha

Boa sorte nas próximas cervejas! :mug:
 
@sobral, valeu pelo incentivo! De perrengue em perrengue (e com muita leitura no meio disso tudo) eu acho que vou aprendendo.

Na próxima brassagem vou focar nesses problemas que você apontou e tentar me organizar melhor. O fermento também teve o lance que eu coloquei o termômetro nele logo depois de retirar da solução de iodo. Depois fiquei pensando que isso pode ter prejudicado meus lindos bebês do mundo das leveduras. Como paranoia pouca é bobagem, vou comprar um termômetro infravermelho para não me preocupar mais com isso.

A boa notícia é que a bendita da panela chegou ontem. Agora eu tô playboy!!! Se brincar eu já faço outra brassagem esse finde. Vou repetir a receita para identificar as consequências dos erros que cometi e aprender um pouco mais.

Abração!
 
Parâmetros:
Mosturação: 1h30 - água a 70°C, baixou para 65° após adicionar o malte. Após 1h30 a temperatura estava em 55°C (todo o período com panela tampada, sem medir temperatura. Evitei até ficar olhando muito para não dar zica.). ...

Camarada beleza?
Eu também costumava fazer isso que vc fez: botava o mosto na temperatura desejada e lacrava o bicho .... até enrolava um cobertor na panela pra nao perder temperatura pro ambiente. Quando eu abria depois de 60 min. A temperatura estava bem estável. E o teste de iodo também dava legal.
Até que aprendi em (um vídeo de um camarada ai) que a gente deve mexer o mosto a cada 15 min. E ligar o fogo pra subir a temperatura e ir controlando.
Quer dizer ... o mosto deve ser mexido pra homogeneizar todos os grãos com o liquido. Entao tenho feito isso e tem ficado bacana.

Se eu achar o video eu posto aqui pra vc ver (e quem se interessar tbm). :)

Abração.
 
Eu sempre faço mostura de 90min (preferência pessoal) e a cada 30 min dou uma mexida e corrijo a temperatura quando necessário, gosto de cervejas mais secas, então tento manter a temperatura entre 63-65c
Gosto muito da praticidade do biab, faço sempre em pequenas levas, consigo 65% de eficiência sem lavar, também achei que o moinho de disco melhora a eficiência comparado ao de rolo.
Com a prática vc pega a manha da moagem e dos processos, conforme vai conhecendo seu equipamento.
A parada da inércia térmica só conhecendo seu equipamento. No meu eu seto 1c acima pra compensar a inércia, coloco 19c pra começar a fermentação em 18, depois corrijo pra 18c

André Wenderosck
 
Camarada beleza?
Eu também costumava fazer isso que vc fez: botava o mosto na temperatura desejada e lacrava o bicho .... até enrolava um cobertor na panela pra nao perder temperatura pro ambiente. Quando eu abria depois de 60 min. A temperatura estava bem estável. E o teste de iodo também dava legal.
Até que aprendi em (um vídeo de um camarada ai) que a gente deve mexer o mosto a cada 15 min. E ligar o fogo pra subir a temperatura e ir controlando.
Quer dizer ... o mosto deve ser mexido pra homogeneizar todos os grãos com o liquido. Entao tenho feito isso e tem ficado bacana.

Se eu achar o video eu posto aqui pra vc ver (e quem se interessar tbm). :)

Abração.

Valeu, camarada. Minha panela nova tem um termômetro bimetálico embutido, então vou conseguir acompanhar a evolução da temperatura daqui pra frente.


Eu sempre faço mostura de 90min (preferência pessoal) e a cada 30 min dou uma mexida e corrijo a temperatura quando necessário, gosto de cervejas mais secas, então tento manter a temperatura entre 63-65c
Gosto muito da praticidade do biab, faço sempre em pequenas levas, consigo 65% de eficiência sem lavar, também achei que o moinho de disco melhora a eficiência comparado ao de rolo.
Com a prática vc pega a manha da moagem e dos processos, conforme vai conhecendo seu equipamento.
A parada da inércia térmica só conhecendo seu equipamento. No meu eu seto 1c acima pra compensar a inércia, coloco 19c pra começar a fermentação em 18, depois corrijo pra 18c

André Wenderosck

O lugar que eu compro o malte faz a moagem em moinho de dois rolos na hora, então ainda não está nos meus planos adquirir um moinho (que é bem caro, por sinal). Sim, com o tempo eu vou pegando a manha da minha geladeira e do equipamento. Espero que isso resulte em cervejas cada vez melhores!

Abraços,
Edmilson Pereira
 
Edimilson, companheiro de Brasília.

também faço BIAB casa e produzo em grande quantidade com os amigos(2 panelas).

Sobre eficiência

Ja Fiz BIAB sem mashout e lavagem, resultado baixíssima eficiência.

Agora faço mashout e lavagem, eficiência em torno de 70-72%.

Temperatura de maturação

Pela minha panela já sei quanto tempo demora pra baixar uns graus. Então vou lá,ligo o fogo (mexendo) subo a temperatura e largo lá.

Tempo

Faço mosturacao de 60-70min no máximo. Conversões excelentes.

Temperatura fermentação

Uso geladeira, um balde com poço termometrico outro no isopor pra isolar o sensor.
Histerese calibrada em 0.5C não tenho problemas com temperarura.

Enviado de meu Moto G (4) usando Tapatalk
 
Ah quanto ao sabor da cerveja

Relaxe vai dar cerveja boa. Após o priming tudo muda. :)

Enviado de meu Moto G (4) usando Tapatalk
 
Valeu, @mvforce. No domingo eu fiz outra brassagem utilizando meu equipamento, sem a necessidade de improvisar tanto, e deu uma eficiência absurda de 75% no BIAB sem lavagem nem nada.

Um dos fatores foi a fervura hardcore que as duas bocas do meu fogãozinho Electrolux fizeram: comecei a ferver com 22 litros e terminei com 17.

Resultado: projetei uma eficiência de 60% e esperava um mosto com OG 1047 e saí com 75% de eficiência e uma garapa maligna de OG 1066. Essa vai matar o guarda e ferir dois transeuntes que estavam passando pelo local :rockin:

Sobre o controle de temperatura: histerese de 0,2°C e sensor em poço termométrico instalado na bombona.

Grande abraço,
Edmilson Pereira
 
Camaradas,

Teve perrengue, passei raiva, mas no final saiu cerveja!!! :ban::ban::ban:

Como esperado, ficou meio aguada mesmo, mas fiquei feliz de conseguir beber minha cerveja com meus amigos. O pessoal gostou e reparou muito no aroma de lúpulo, que realmente ficou muito bom.

Eu e um amigo que entende um pouco mais de cerveja (e é sincero como um amigo deve ser) reparamos num leve sabor metálico no final do gole, muito provavelmente originado em oxidação no momento de engarrafar. Outro aprendizado.

A fermentação foi assim (controlador de temperatura e sensor em poço termométrico instalado na bombona):
Primária: 4 dias a 18ºC.
Secundária: 7 dias, subindo um grau por dia até chegar em 25ºC
Cold crash: 3 dias a 2ºC (minha geladeira só chega a 2ºC e precisei encurtar o cold crash para liberar a geladeira e fermentar outra cerveja antes de viajar de férias).

Segue a foto da garapa com nove dias de carbonatação:
Partisan.jpg
 
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