Cervejas da Antiguidade

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AntonioMartins

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Pessoal, andei pesquisando um pouco e descobri algumas receitas de Cervejas realmente antigas.

Coisa de uns 6 mil anos.

Fiz algumas traduções e vou postar as receitas e o modo de fazer as mães de todas as cervejas.

A primeira é uma Cerveja da Suméria, cuja receita foi escrita em forma de uma canção para a Deusa Ninkasi, que era a Deusa responsável por fazer a Cerveja dos outros Deuses da Suméria.

Ninkasi era filha de Enki, então, essa era a Cerveja dos Anunnaki.

A receita é essa aqui, no original em Escrita Cuneiforme:

hymm-ninkasi-stones1.jpg


Traduzida e minimamente adaptada:

Ingredientes para 20 Litros:

• 1 Kg Malte Defumado
• 1 Kg Malte Base
• 1,6Kg Pão Bappir
• 0,7Kg Cascas de Arroz
• 4 Litros Vinho de Tâmaras
• 0,7Kg Mel

Modo de preparo:

• Fazer o Vinho de Tâmaras
• Fazer o Pão Bappir 1 ou 2 dias depois e deixar esfriar de um dia para o outro
• Fazer a Cerveja
• Esquentar 15 litros de água a 55°C
• Adicionar as Cascas de Arroz, o Malte e o Pão esfarelado e aumentar a temperatura para 68°C
• Manter a 68°C por 45 minutos
• Subir a temperatura para 76°C e desligar o fogo
• Realizar a lavagem com 8 litros de água a 78°C
• Ferver por 15 minutos e desligar o fogo
• Remover o saco de cascas e resíduos de Tâmaras do Vinho do balde fermentador e misturar o mosto
• Misturar o Mel e homogeneizar bem
• Fermentar a 22°C

Pão Bappir

Ingredientes:

• 0,7Kg Malte Base
• 0,7Kg Malte Defumado
• 0,5Kg Farinha Trigo Integral
• 0,6Kg Mel

Modo de Preparo:

• Transforme o Malte em Farinha
• Misture a Farinha de Malte, a Farinha de Trigo e o Mel
• Adicione água e vá amassando até dar o ponto de pão
• Molde a massa em pães grandes e redondos com 2,5 cm de altura
• Assar a 180°C até ficar dourado nas beiradas
• Retire do forno e deixe esfriar
• Corte em fatias de 4cm de largura
• Asse novamente até endurecer o interior e dourar as fatias

Vinho de Tâmaras

Ingredientes:

• 1,6Kg de Tâmaras (destas que vendem no mercado)
• 4,5 Litros de água

Modo de Preparo:

• Picar e esmagar as Tâmaras e colocar em um saco de musselina
• Colocar no balde fermentador e adicionar 4,5 litros de água
• Deixar as leveduras naturais das Tâmaras iniciarem a fermentação
 
Oi Tiago!

Cara, futuquei a internet, achei em várias fontes.

http://www.utexas.edu/courses/classicalarch/readings/beer.html

http://byo.com/stories/item/144-archaeobeer

http://www.squidoo.com/ancient-beer

http://morebeer.com/brewingtechniques/library/backissues/issue2.5/hitchcock.html

http://www.beeradvocate.com/articles/304/

Achei cada coisa impressionante!

Os Núbios (Povo antigo do Norte da África) desenvolveram uma Cerveja com antibióticos naturais, como a Tetraciclina, milhares de anos antes da descoberta da Penicilina. Sem dúvida é um líquido Sagrado :mug:

http://news.discovery.com/history/ancient-egypt/antibiotic-beer-nubia.htm
 
mercenariosirioesuaesposaegipcia.jpg

Essa receita é um pouco mais recente, tem uns 3600 anos...

Foi elaborada através do estudo de papiros, hieróglifos de monumentos e análise de restos de materiais e cervejas encontrados nas ruínas das cervejarias do Egito antigo.

Ingredientes para 20 litros:

• 2,4Kg Malte de Trigo
• 3,5Kg Malte Pale Ale 2 Row
• 10g Sementes Coentro
• 10g Zimbro
• 2 x Safbrew W-06

Modo de preparo:

• Esquentar a água a 70°C
• Colocar o Malte
• Manter 90 minutos a 66°C
• Realizar a lavagem com a água restante a 78°C
• Ferver por 25 minutos
• Adicionar 10g de Sementes de Coentro esmagadas e 10g de Zimbro esmagado após 15 minutos de fervura
• Desligar o fogo ligar a água e resfriar o mosto até 25°C
• Transferir para os baldes
• Aerar bem durante a transferência
• Hidratar e inocular o fermento de acordo com as instruções do fabricante
• Fermentar a 22,5°C

Esperado - OG 1060 / FG 1014 / ABV 6°

No Egito não existia Lúpulo, então eles usavam Zimbro e Coentro.
 
Essa receita aqui devia ser a "Faraó Special"

Ingredientes para 20 litros:


• 2,8Kg Malte Pale Ale 2 Row Premiun
• 0,45Kg Quinoa (substituindo Teff)*
• 0,68Kg Aveia em flocos
• 0,80Kg Trigo não Malteado
• 0,45Kg Malte de Trigo
• 0,14Kg de Casca de Arroz
• 5,5g Grãos do Paraíso
• 4,0g Rosa do Paquistão
• 7,0g Casca Laranja Amarga
• 5,5g Polpa de Tamarindo
• 2,3g Coentro Fresco
• 2 x Safbrew T-58
• 0,28Kg Mel
• 28g Tâmaras

Modo de Preparo:

• Esquentar a água a 65°C
• Colocar todos os grãos e manter a 59°C por 30 minutos
• Aumentar a temperatura para 68°C e manter por 30 minutos
• Realizar a lavagem com a água restante a 78°C
• Ferver por 60 minutos
• Resfriar e colocar no Balde
• Colocar os temperos em um saco ou cápsula inox para chá e jogar no balde (Sanitizar antes deixando de molho por 30 minutos em solução de 1 colher de Água Sanitária para 1 Litro de Água. Enxaguar depois em Água Fervida).
• Hidratar e inocular o fermento de acordo com instruções do fabricante
• Aguardar alguns dias para o Krausen (espuma da fermentação) baixar (2 ou 3 dias?)
• Misturar as Tâmaras e o Mel com 500ml de água e ferver até diluir bem (ralar ou espedaçar as Tâmaras)
• Coar, esfriar e acrescentar ao balde
• Fermentar a 18°C

Esperado - OG 1057 / FG 1009 / ABV 6,3°

*Teff Marfim é um cereal típico da África, como não dá para achar por aqui, substitui pela Quinoa, que me parece tem a composição parecida.
 
Cara fantástico isso....parabéns pela pesquisa....conforme o pessoal for tentando fazer as receitas, podiam colocar suas impressões aqui...mas realmente um belo trabalho...ainda mais eu que gosto de história....grande abraço
 
Eu também Pedrosa, gosto de História e de Cerveja, juntando os dois fica ótimo!

Vou tentar fazer as três! Provavelmente levas de 10 Litros de cada.

Não sei quando, mas que vou fazer, isso vou.

Se alguém fizer ou achar alguma outra receita antiga, da Grécia (o conhecimento da fabricação da Cerveja foi do Egito para a Grécia e da Grécia para a Europa) ou da Idade Média, ou mesmo a receita que o Avô usava, por favor poste aqui.
 
A minha maior curiosidade sobre isso tudo é sobre a fermentação.

Provavelmente que essa bebida deles tinha sabor muito, mas muito estranho, levando em consideração todas as leveduras selvagens e bactérias do local, pois as condições sanitárias eram precárias.

Enfim, isso é algo que ninguém nunca vai saber :)
 
A minha maior curiosidade sobre isso tudo é sobre a fermentação.

Provavelmente que essa bebida deles tinha sabor muito, mas muito estranho, levando em consideração todas as leveduras selvagens e bactérias do local, pois as condições sanitárias eram precárias.

Enfim, isso é algo que ninguém nunca vai saber :)


Pois é...

Na receita mais antiga que existe, da Suméria, eles usavam esse pão Bappir para fazer a fermentação.

E também as leveduras naturais das Tâmaras. Essas Tâmaras não são in natura, são tipo fruta seca, perdem líquido e concentram os açúcares. Talvez essas condições propiciassem o desenvolvimento de certas leveduras "das boas".

O que me intriga é como alguém começou a misturar grãos meio germinados, pão, mel, vinho de tâmaras, esquentou tudo, fermentou e depois bebeu. :confused:

Teve que ter um primeiro corajoso, só. Porque depois que ele contou dos efeitos, todo mundo começou a fazer a mistura..he..he.. :drunk:: :tank:
 
Bom, ai é a mesma história do café... como que alguém teve a brilhante idéia de torrar alguns grãos, moer, e então misturar agua nisso tudo, dai tomar hahahaha
 
Mais ou menos, assim:

Alguém esqueceu uma ânfora com algum grão "no tempo"..... Choveu, a ânfora encheu de água que encharcou o grão e virou um caldo.... Leveduras selvagens agiram neste composto, até que esse "alguém" achou sua ânfora perdida...

Ao ver aquele líquido espumante e com bom aroma, decidiu provar, e não achou nada mal!

Decidiu repetir a experiência....... Encheu outra ânfora com grãos e água, e ficou observando os processos.... Até conseguir alcançat as mesmas características do líquido que ele inicialmente provou.

Após dominar todo o processo, o próximo passo seria aperfeiçoar o líquido.... Testando outros tipos de grãos, masserando estes, fazendo infusão em água quente, inserindo ervas e frutas, etc, etc, etc....
 
Fiquei tão admirado com a receita dos Sumérios, que resolvi tentar reproduzi-la.
Entretanto, analisando-a mais atentamente, surgiram dúvidas :
- Não havendo nenhum tipo de lúpulo, não acham que essa cerveja vai ficar doce demais?
- A recomendação de se fazer o vinho de tâmaras somente 1 dia antes da mosturação da cerveja é suficiente para que este vinho já esteja fermentado? Não parece mais lógico brassar a cerveja somente depois de constatada fermentação adequada do vinho?

Se alguém tentou fazer, ou pretende fazer, poderia trocar figurinhas comigo?

Abraços!
 
Fiquei tão admirado com a receita dos Sumérios, que resolvi tentar reproduzi-la.
Entretanto, analisando-a mais atentamente, surgiram dúvidas :
- Não havendo nenhum tipo de lúpulo, não acham que essa cerveja vai ficar doce demais?
- A recomendação de se fazer o vinho de tâmaras somente 1 dia antes da mosturação da cerveja é suficiente para que este vinho já esteja fermentado? Não parece mais lógico brassar a cerveja somente depois de constatada fermentação adequada do vinho?

Se alguém tentou fazer, ou pretende fazer, poderia trocar figurinhas comigo?

Abraços!

Leonesio

Eu também fiquei impressionado com as cervejas, e pretendo tentar reproduzí-las futuramente.

Nos artigos que eu pesquisei, realmente foi comentado que as cervejas ficavam mais doces, pela falta do lúpulo e pelo mel que levavam.

A questão do vinho de tâmaras, olhando de novo os links, percebi que me enganei.

Está escrito assim:

"Faça o Vinho de Tâmaras, depois faça o Bappir um ou dois dias depois, deixe esfriar de um dia para o outro e então"... (começa o processo de fazer a cerveja em sí).

Então, você observou muito bem. Vou corrigir o post inicial.

Deixo aqui alguns links caso queira dar uma olhada.

Abraço e boa cerveja da Suméria!

http://www.beeradvocate.com/articles/304/

http://byo.com/stories/item/144-archaeobeer

http://www.utexas.edu/courses/classicalarch/readings/beer.html

http://morebeer.com/brewingtechniques/library/backissues/issue2.5/hitchcock.html

http://www.squidoo.com/ancient-beer
 
Bem, passados quase 1 ano depois do último post, volto aqui pra contar que fiz a 6.000 anos, com vinho de tâmaras, pão baphir e tudo mais que exigia a receita.

O resultado foi surpreendente. O sabor é bastante intenso e defumado (por conta do malte), o vinho de tâmaras deixa um azedo saboroso, a fermentação gera bastante álcool, e no final fica tudo bem equilibrado, bastante "bebível" mesmo.
É claro que não se trata de uma cerveja pra beber aos litros, mas como resgate de algo feito há milênios acho que vale o trabalho.
Bebi algumas garrafas, e distribuí outras entre os amigos, e hoje só tenho uma única garrafa na geladeira, confiscada pela esposa, que parece ter gostado muito do sabor...
Assim que ela abri-la, enviarei uma foto pra registrar o feito.

Abraços e obrigado ao Antonio Martins, pelo esforço em compilar a receita.

E viva Ninkasi!
 
Legal esse tópico! Bom saber que existe mais gente com idéias fora da caixa

Eu engarrafei anteontem uma versão dessa receita medieval:

http://www.gruitale.com/rec_basic_gruit.htm

Achei o aroma fantástico! Estou curioso para ver como vai ficar carbonatada.




Uma cerveja antiga excepcional é a Midas Touch da Dogfish, cuja receita se baseia em achados arqueológicos em uma tumba de 2700 anos achada na Turquia. No livro extreme Beers tem a receita, segue:

Preboil
6 gallons (23 L) water
Boil
8 pounds (3.6 kg) light liquid malt extract
(75 minutes) (or 5.5 pounds [2.5 kg] light dry
malt extract)
2 pounds (900 g) clover honey (75 minutes)
1/4 ounce (7 g) Simcoe hops (60 minutes)
10 Saffron threads (End of boil)
Fermentation
White Labs WLP001 or Wyeast 1056
ale yeast or Safale US-05
1 quart (1 L) White Muscat grape juice
concentrate (3 days)
Bottling
5 ounces (140 g) priming sugar
STARTING GRAVITY: 1.086
FINAL GRAVITY: 1.026
FINAL TARGET ABV: 9%
IBUS: 12

Eu estou pensando em fazê-la. Só não sei onde arrumar suco concentrado de uva Muscat....:confused:
 
E aí, alguém fez alguma dessas cervejas?
Estou fazendo umas artesanais em casa e pensei em dar o nome de Annunaki a uma delas mas pelo visto não vai ser fácil lol.
 
A ideia é muito legal mas não faz muito sentido. Nessa época ainda não era usado o lúpulo na fabricação de cerveja, fora que todo o processo era tão diferente e, provavelmente, contaminado com todo tudo de fungo e bactéria selvagem que o resultado dificilmente se assemelharia.

Enviado de meu XT1575 usando Tapatalk
 
Eu tenho feito algumas experiências. Dá uma olhada no meu blog: http://www.cervejasextremas.com.br/

Em particular, fiz a Midas Touch da receita do Sam Calagione e ficou muito saborosa. Não encontrei extrato de uva muscat então trabalhei com suco de uva mesmo.

Fiz recentemente a receita do hino a ninkasi e achei bastante interessante mas um tanto enjoativa pela falta do amargor. Eu partilho de uma teoria que eu li num forum gringo que o pão bappir deva ser torrado até tostar, para então conferir um amargor do malte tostado - como o amargor de café na stout.
 
Boa noite a todos vou fazer essa annunaki no entanto, quero colocar lúpulo nela, o que me dizem? Poderia usar um cítrico?, tipo cascade? Cairia bem com o azedo do vinho de tâmaras?
 
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